A menina que roubava livros é mais um daqueles livros que guarda uma surpresa em cada página. Vendido em diversos países, traduzido para vários idiomas, o livro é um best-seller, aclamado pela crítica e pelos leitores... Espera... O título do texto não bate com as informações, né? Então, vamos começar de novo.Markus Zusak, autor de A menina que roubava livros, escreveu, antes de todo o sucesso e reconhecimento, um livro chamado Eu sou o mensageiro - The messenger, na capa original. E, se eu tivesse que definir Eu sou o mensageiro em poucas palavras, eu diria que o livro é fascinante, empolgante e, além de tudo, muito especial.

Ed Kennedy define a si mesmo como um perdedor. 19 anos, e o que ele fez na vida? Nas palavras dele mesmo, ‘porra nenhuma’. Taxista. Gasta os fins de tardes e bons pedaços de noites jogando cartas com os amigos, também uns bons fracassados. Mora com o Porteiro, um cachorro de 17 anos viciado em café, que simplesmente é definido por alguns como a criatura mais fedida da face da Terra. Ed é odiado pela mãe e perdeu o pai alcoólatra há menos de um ano. Ah, tem também a Audrey. Meu Deus, o Ed praticamente baba em cima dela. Completamente apaixonado. Jogam cartas juntos, também. Ela fica com qualquer um, meio que para disfarçar a solidão, basicamente não tem família, e não quer se apaixonar. O Ed acha que é porque ela já sofreu demais. É isso: um perdedor, seus amigos perdedores, a melhor amiga, que ama mais do que tudo, e um cão velho e fedido. Até que Ed impede um assalto a um banco e passa a receber misteriosas cartas de baralho com ‘missões’ escritas.

Imagine uma mulher que é estuprada pelo marido bêbado quase todas as noites e uma criança que vai para frente de casa, chorar e esperar a cama parar de ranger. Imagine que você é o único que sabe disso. Aliás, imagine que você é o único que realmente se importa e que você é a única pessoa do mundo que tem que - ou deve - fazer alguma coisa. O que você faria? Imagine que você tem que visitar uma senhora que mora sozinha, que perdeu o marido e único amor de sua vida na guerra. Você não tem que confortá-la, apenas ler O Morro dos Ventos Uivantes e fingir que é o marido dela que finalmente voltou.

Eu sou o mensageiro dá um verdadeiro tapa na forma como aprendemos a lidar com a vida. Mostra que a maioria das pessoas, até mesmo a mais revolucionária, é movida pelo conformismo. Pelo medo de mudar e,  principalmente, pelo medo de agir.

A história é simplesmente apaixonante! Movida pela linguagem simples, pura e informal, possui trechos realmente empolgantes, mas basicamente não deixa de lado as tais 'coisas banais', como o medo de perder o Porteiro para a morte e a vontade desesperada de agarrar a Audrey e valsar uma música lenta e melódica, sem precisar dizer nada, mas amá-la intensamente, como deve ser.

O livro traz ótimas considerações, e devo dizer que as surpresas só vão terminar - mesmo - quando você chegar à última página. Eu sou o mensageiro é rápido e bem humano, uma ótima leitura!

E aí, gostaram? Comentem, pessoas bonitas!
Até mais, o Doug.