Que tal acordar ressacado numa bela manhã nublada e encontrar um trator em frente a sua casa, pronto pra por tudo abaixo?
E que tal você descobrir que aquele seu amigo estranho e engraçado, de nome estranho e engraçado (o Ford Prefect, o nome de uma marca de carro!), na verdade veio de um lugar chamado Betelgeuse? E mais, se você descobre que esse lugar não fica na Terra?

Você conseguiu encarar com naturalidade as perguntas? Então, das duas, apenas uma: ou você é tão de outro mundo quanto o Ford, ou você já foi apresentado à trilogia que já chega ao sexto livro, "O guia do mochileiro das galáxias"... =]

Criado no fim da década de 70, primeiro como um programa de rádio matinal na Inglaterra, depois como uma série de livros de ficção científica que fogem mais da realidade do que a própria fantasia, O guia do mochileiro das galáxias carrega uma legião de fãs assíduos desde que foi apresentado ao mundo. Deixe-me contar um pouco a amplitude das coisas aqui.

Douglas Noel Adams (se autodenominava o DNA da ficção científica) criou quase que por mitose um verdadeiro mundo nas páginas d'O guia. Teorias conspiratórias, restaurantes no fim do universo, guerras planetárias, viagens descontroladas pelo espaço-tempo, geradores de probabilidade infinita (para se familiarizar melhor com o termo, leia a série), robôs maníacos depressivos. A saga é uma verdadeira sátira gigante sobre a existência e as infindáveis conseqüências desta.

VOCÊ SABIA QUE NINGUÉM EXISTE?
“Sabe-se que há um número infinito de mundos, simplesmente porque há um espaço infinito para que os haja. Todavia, nem todos são habitados. Assim, deve haver um número finito de mundos habitados. Qualquer número finito dividido pelo infinito é tão perto de zero que não faz diferença, de forma que a população de todos os planetas do Universo pode ser considerada igual a zero. Daí segue que a população de todo o Universo também é zero, e que quaisquer pessoas que você possa encontrar de vez em quando são meramente produtos de uma imaginação perturbada.” (Douglas Adams, O restaurante no fim do universo. Abra o livro mais ou menos pelo meio. Aliás, largue de preguiça e leia-o todo logo)


Os personagens, cada um com suas excentricidades mal definidas, conseguem conquistar e fazer rir por simples situações dificultosas em que são colocados. Marvin, o robô maníaco depressivo mais querido da história, tem problemas pessoais com o resto do universo. A PHG (personalidade humana genuína) e a inteligência 50 mil vezes maior do que a de um humano normal permitem que Marvin divague sobre o quão medíocre é a existência (a vida, os seres vivos e, pra falar a verdade, não há nada que seja de seu gosto) enquanto viaja junto com Ford Prefect, Arthur Dent (o anti-herói), Trillian Mcmillian e Zaphod Beeblebrox (ex-presidente da Galáxia, um figurão de duas cabeças totalmente vazias que acabou de roubar a nave Coração de Ouro, e está dando um passeio pelo universo).

"Vida? Não me falem de vida.”
“A Vida. Pode-se odiá-la ou ignorá-la, mas nunca gostar dela!”
“Gozado, justamente quando você pensa que a vida não pode ser pior, de repente ela piora ainda mais."
(A existência contagiante do robô é homenageada em ‘The android paranoid’, do Radiohead.)

A série conta com 5 livros:

O guia do mochileiro das galáxias;

O restaurante no fim do universo;
A vida, o universo e tudo mais;
Até mais e obrigado pelos peixes;
Praticamente inofensiva (este é mais uma história à parte, com os mesmo personagens).

O primeiro livro da série traz impresso na capa, em letras garrafais: "Não entre em pânico!", e como base da história temos a resposta para todas as perguntas não respondidas da existência do indivíduo (perguntas sobre a vida, o universo e tudo mais).
"O guia do mochileiro das galáxias não é um livro da Terra, jamais foi publicado na Terra e nenhum terráqueo jamais ouviu falar dele até o dia em que ocorreu a grande catástrofe. Apesar disso, é um livro realmente extraordinário. Na verdade, foi provavelmente o mais extraordinário dos livros publicados pelas grandes editoras de Ursa Menor - editoras das quais nenhum terráqueo jamais ouvira falar, também. O livro é não apenas uma obra extraordinária como também um tremendo best-seller - mais popular que a Enciclopédia Celestial do Lar, mais vendido que Mais Cinquenta e três Coisa Para Fazer em Gravidade Zero, e mais polêmico que a colossal triologia filosófica de Oolon Colluphid, Onde Deus Errou, Mais Alguns Erros de Deus e Quem É Esse Tal de Deus Afinal?"

Particularmente sou um grande fã do guia, e já reli mais de uma vez todos os livros. E acredito que se você também resolver dar uma olhadinha na genialidade de Adams, não irá se arrepender; pelo contrário, também passará boas horas rindo e refletindo sobre a filosofia de cada livro. Porque, acredite, eles têm. E, quem sabe, daqui a algum tempo você também esteja, como milhares de pessoas ao redor do globo, comemorando o dia da toalha (25 de maio), uma homenagem à genialidade do autor.


Até mais... =]