“Há quem diga que é o fantasma de um cavaleiro hessiano, cuja cabeça foi arrancada por uma bola de canhão em alguma batalha sem nome durante a Guerra da Independência Americana, e que é visto pelo povo de Sleepy Hollow numa busca noturna pela sua cabeça, galopando como um raio à meia-noite.” 


A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, Sleepy Hollow no título original, é mais uma combinação que deu certo entre Johnny Depp e o diretor Tim Burton.

Um filme baseado no conto de mesmo nome, que envolve assassinatos, mistério, bruxaria, crenças e, em meio a tudo isso, um romance. Peraí, um romance? No filme, pelo menos, sim. 

A atração e a cumplicidade entre o jovem casal Katrina Van Tassel (Christina Ricci) e Ichabod Crane (Johnny Depp) surge meio que de repente, e fica um pouco forçada no contexto da história. Acabou não deixando tão claro o tal do gênero: terror. Olha só o Crane, personagem principal: ele tem um toque de comédia, um tipo esquisitão, o que faz com que não o levemos tão a sério. Nas mais diferentes situações ele desmaia. (Nossa, foram seis vezes no filme todo). Outra coisa: em algumas cenas, os efeitos chegam a lembrar muito os filmes d’O Máscara, com olhos saltando e caretas. 

No livro, foi diferente: fica mais claro que é terror, não fica dando aquelas “voltinhas” na história. São bem desenvolvidos os acontecimentos e encontros, e mesmo a obra tendo apenas cerca de 70 páginas, foi o suficiente para dar tempo de tudo acontecer (uma pequena tristeza me veio quando notei que o clássico tinha poucas páginas, e que eu sabia que, quando terminaria de ler, ficaria esperando por mais). 

  •  As duas resenhas 
No filme, Crane é um jovem excêntrico que pretende mostrar à sociedade a existência de métodos científicos e a perícia de corpos. Enviado ao pequeno vilarejo de Sleepy Hollow para investigar estranhas mortes, crimes em que as vítimas são encontradas decapitadas por uma criatura, segundo a população, vinda diretamente do inferno à galope. Sendo um homem da razão, Crane não teme e vai em frente investigar os fatos tentando provar que essa criatura não passa de um homem qualquer. 

Já no livro, ele é um professor que é enviado ao vilarejo para instruir as crianças daquela região. Magro, alto, longos braços e pernas. Sua cabeça era pequena e com enormes orelhas, grandes olhos verdes e um longo nariz. Leitor compulsivo de histórias de terror e bom contador dessas histórias de lareira em lareira na pequena Sleepy Hollow. “Ao vê-lo caminhando por um morro num dia de vento, podia-se confundi-lo com um espírito da fome descido à terra, ou algum espantalho que tivesse escapado do milharal.” 


Tanto no livro quanto no filme, Katrina é uma dama privilegiada, jovem e linda em seus detalhes de mulher e faz parte de uma família rica e poderosa naquela sombria região. Apaixonado por ela, Crane é movido pelas suas emoções e como consequência acaba irritando e ganhando um rival poderoso: Brom Bones, um possível candidato a marido de Katrina. 

Enfim, deu pra perceber que as histórias são bem diferentes, né? Apesar de ter alterado muito o texto original, Burton criou um roteiro envolvente, até mais interessante do que o conto, rico naqueles detalhes de filme de época, nos momentos de suspense e nos cenários sombrios, trabalho que ele faz muito bem. 

Então, a Sakura aqui indica os dois! Que tal dar uma olhada? Beijos e até mais!