"Todos nós estamos tentando ser livres neste mundo."

Apesar da propaganda "não queremos lhe contar o que acontece neste livro", o que me fez querer ler Pequena Abelha foi o fato de um homem, chamado Chris Cleave, ter escrito um livro com mentalidade de duas mulheres totalmente diferentes. Uma leitura que valeu a pena (e esse texto).


"Vocês vivem num mundo de máquinas e sonham com o que tem carne e osso. Nós sonhamos com máquinas porque vemos o que os que têm carne e osso fazem conosco."

No livro tudo acontece devido ao encontro de duas realidades que vão se entrelaçar, nos mostrando diversos valores. Os assuntos contidos nele são atuais, sendo que, para a maioria das pessoas, já são considerados “normais”. É profundamente explorado o psicológico das duas personagens principais, o que ocasiona uma leitura cuidadosa, não pela escrita ser difícil, mas pela delicadeza das palavras.

No decorrer das 270 páginas, o autor mostra o poder da escolha, afinal, esse é o único poder que todos nós, sem exceção, possuímos. A culpa é um sentimento muito presente, a culpa por ter feito ou não a escolha certa. Há também a predominância da tristeza, sendo uma consequência de tudo isso junto. Mesmo assim, no livro todo há sempre aquele toque de esperança.



"... todos tínhamos identidades que relutávamos em abandonar. Meu filho tinha sua fantasia de Batman, eu ainda usava o sobrenome de meu marido e Pequena Abelha, a nossa Abelhinha, (...) ainda se agarrava ao nome que adotara numa época de terror. Éramos exilados da realidade (...). Éramos refugiados de nós mesmos."


Sim, realmente é uma história muito triste, mas, por favor, não se assustem, ela é contada de uma forma tão bela que você acaba vendo-a com outros olhos, às vezes até com lágrimas, se você for aquela pessoa muito sensível.


Uma leitura que nem todos possuem paciência para ler (confesso que esperava mais do final), porém quem já leu ou irá ler, com certeza, sente aquela vontade de ligar a sua TV e ouvir: Olá, estas são as notícias da BBC, hoje vai nevar sorvete do céu.

*-*

P.S.¹: Não falei da história em si com o intuito de não prejudicar a leitura de quem ainda não leu.
P.S.²: O capítulo sete é o meu favorito.    =)