"O preconceito é filho da ignorância." - William Hazlitt

É natural do ser humano temer o que não conhece. É natural imaginar o que não sabemos. Mas o homem precisa de conhecimento, pois é a ausência deste que leva ao surgimento do preconceito. O preconceito invade a mente como um parasita e só tende a transformar o diferente no errado para aqueles que o carregam.

Nos últimos tempos, o Brasil tem passado por diversas mudanças na área social, uma delas é a maior preocupação com suas minorias marginalizadas (ou maioria, no caso dos pobres). Os negros estão livres da escravidão graças à famosa Lei Áurea há menos de 200 anos, e a preocupação com a inserção do negro é grande, o racismo (que agora é, inclusive, considerado um tipo específico de crime de ódio e dá cadeia) é combatido progressivamente. Quem diria, até um tempo atrás, que um dia haveria um negro no papel principal (e não como empregada ou motorista) da novela das 7 da tão elitista Rede Globo, uma vitória conquistada por Taís Araújo e Lázaro Ramos. Existem até cotas raciais em algumas universidades públicas.


Outro grupo que tem ganhado notoriedade com o seu manifesto é o grupo LGBT (de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), que deixaram de ser invisíveis para a sociedade e saíram às ruas para garantir os seus direitos. O sucesso das inúmeras Paradas Gays que são realizadas anualmente pelo país é a prova disso. Houve a conquista do direito da união civil estável, da adoção, de não ter o seu sangue separado do sangue dos heterossexuais nos bancos de sangue, e neste ano, em Ribeirão Preto, ocorreu o primeiro casamento gay em uma igreja. Também há um grande manifesto pela aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que torna uma forma de crime específico, assim como o racismo, o preconceito contra idosos, deficientes e motivado pela orientação sexual e identidade de gênero (vide homofobia), mas o projeto tem sido derrubado pela camada conservadora da sociedade (já ouviu falar do tal deputado Jair Bolsonaro ou da deputada Myrian Rios?).

A intolerância religiosa também é grande no nosso país. As religiões de origem afro, como o candomblé, ainda são chamadas pejorativamente de macumba, como se tudo não passasse de magia negra. Mas o preconceito menos evidente de todos, e um dos maiores, é a chamada ateofobia (sim, é a aversão ao ateu). Ainda hoje há gente que acredita que o ateu não tem caráter por não acreditar em um deus, no seu Deus. Pesquisas mostram que os ateus constituem o grupo menos aceito do país (vencendo, inclusive, o nível de reprovação das mulheres, dos negros e dos homossexuais). Isso se mostrou bem evidente durante a última corrida presidencial, com Serra, Dilma e Marina, onde a religião tornou-se um ponto crucial para conseguir o voto do eleitor, Dilma foi fortemente difamada pela comunidade evangélica mais conservadora e acabou indo parar no segundo turno.
As primeiras feministas ficariam orgulhosas das nossas brasileiras modernas. As mulheres estão cada vez mais se escolarizando, apresentam as melhores notas do ensino fundamental e do ensino médio e constituem a maioria dos alunos do ensino superior. O número de mulheres brasileiras chefes de famílias cresceu consideravelmente, nossa atual presidente é uma mulher. A Lei Maria da Penha deu início a uma cruzada à defesa da mulher, que já tem até um tipo de delegacia especial para a violência doméstica.

A economia do Brasil não para de crescer. Infelizmente, esse crescimento também veio acompanhado de ignorância. O preconceito social tem se destacado ultimamente. O pobre sempre foi, e continua sendo, excluído e marginalizado. Grupos sociais como o Movimento dos Sem-Terra (MST) são transformados em bandidos pela mídia. É importante lembrar que sem pobres, não existiriam os ricos e que cada indivíduo tem um papel fundamental na sociedade. Mas algumas pessoas acham que são melhores ou mais importantes que as outras por fazerem parte de uma classe social superior (viu o comentário do apresentador Boris Casoy sobre os garis?). Imaginemos, por exemplo, a seguinte situação: o que seria do engenheiro, do arquiteto e do empresário na hora de construir um prédio sem os pedreiros?

Nesse país onde ainda ocorrem tantos incidentes vergonhosos (veja o Mapa da Intolerância), sou contra qualquer forma de preconceito (e o ato, que é a discriminação) e defendo a justiça social com as cotas nas universidades, sou favor da aprovação da PLC 122/06, luto contra a invisibilidade social do pobre e, acima de tudo, respeito o próximo com muita dignidade.

E se você ainda tem algum tipo de preconceito, lembre-se: 
"Nunca é tarde para abrirmos mão dos nossos preconceitos." - Henry David Thoreau