Por que tanta regra? Porque tem muita gramática!  Quando vamos descobrir o porquê disso tudo?  Nunca vamos descobrir isso, por quê?

Aqui, no Multinverso, quase nunca há um consenso sobre a edição gramatical dos artigos a serem publicados. Com uma língua com tamanha variação e tantos contrastes sócio-educacionais, na qual a educação de qualidade não só não é bem comum, como não consegue atingir nem parcela significativa da população que realmente necessita de alguma atenção do Estado, o Brasil e todos os países que adotam o português como idioma padronizado têm sérios problemas em conter a variância linguística de sua população.

Notou como é chato? É exatamente esse o problema que a língua portuguesa tem: simplesmente é complicada demais para que haja um interesse em aprendê-la. O maior desafio dos livros didáticos distribuidos pelo governo é conseguir fazer que crianças e adolescentes criem o gosto pela leitura e pela escrita. O português como se fala e o português como se escreve estão a anos-luz de algum entendimento. Os livros didáticos distribuídos pelo MEC no meio do primeiro semestre deste ano causaram "polêmica" justamente ao tentar misturar a fala regional e a escrita nacional, com a respalda de conter o preconceito linguístico existente entre as regiões e classes sociais. A medida dividiu opiniões ao contrastar os conservadores, que entendem que escola serve para ensinar o "certo" - porque o errado você trata de aprender fora dela -, e as pessoas que defendem que "não existe certo ou errado, a língua portuguesa não é como a matemática, na qual dois mais dois são quatro e não há uma contestação sobre isso. A variação linguística existe justamente para isso: transformar e popularizar a língua falada, e os chamados 'erros' no passado são hoje o que usamos como linguagem acordada com a norma culta. Um exemplo disso é o vosmecê, que se transfigurou em vossemecê, vossecê, você, ocê, até se tornar o moderníssimo cê."

Uma coisa é certa: o português como língua é defendido como algo que deve servir a todos, independente de classe ou variação sobre a qual é utilizado, e definí-lo como certo ou errado de acordo com tal norma ou regra é matá-lo pouco a pouco e vê-lo como uma futura língua morta para seus próprios falantes.




Até mais,
O Doug.   =]