Um filme para se ver de mente, coração e alma aberta. Um filme para se repensar nos conceitos de vida, liberdade, dignidade e existência. Um filme que trata daquilo que o ser humano mais teme: a morte.

“E, se não se entende o sentido da morte, tão pouco se entende o sentido da vida.”
“... uma vida que te tira a liberdade não é vida.”
“Minha vida gira em torno de conseguir a liberdade.”
- Ramón Sampedro




Mar adentro é um filme de Alejandro Amenábar, baseado em fatos reais, que conta a história do marinheiro espanhol Ramón Sampedro e sua luta pelo direito de morrer. Após sofrer um acidente no mar, Ramón passou a poder movimentar somente alguns músculos do rosto, vivendo em estado de tetraplegia por mais de 26 anos. Ramón lutava para que os tribunais espanhóis autorizassem sua eutanásia ativa, porém essa autorização nunca foi concedida. Depois de algumas tentativas frustradas de obter a autorização legal, Sampedro morreu por suicídio assistido clandestino - que foi executado por 11 queridos amigos e planejado por ele mesmo.

Essa luta judicial ocorreu nos anos 90 e, hoje, quase duas décadas depois, a eutanásia ainda é um assunto polêmico e pouco debatido. No Brasil, como em muitos outros países, a eutanásia ainda é proibida e por muitas influências a maioria da população apóia que assim seja.

Logo, é importante que as pessoas tenham a oportunidade de ver a discussão sobre a eutanásia pelo lado daqueles que a querem e não só como algo que simbolize o absurdo de alguém escolher morrer, não é assim.


Mar adentro é uma ótima oportunidade para se compreender os motivos que levam alguém a querer a eutanásia, também é uma ótima oportunidade para se aceitar a eutanásia, por isso, é um filme que, quando acaba, você fica tentando assimilar todas as ricas informações que ele lhe deixou. Ramón Sampedro era um homem extremamente inteligente, ele amava a vida, com o detalhe de que a vida para ele não significava apenas respirar, existir. Viver para ele significava ser livre, ele era, antes do acidente, uma daquelas pessoas que chega a dar inveja na gente por ele ter coragem de largar tudo e, mesmo sem dinheiro, viajar pelo mundo. O cosmopolitismo era sua religião, sua paixão, sua receita de vida.

Assim, a tetraplegia significou para ele a perda da liberdade, o fim de sua vida. Na maioria das situações a vida é tirada ai se perde também a existência, nesse caso, a vida foi tirada e a existência ficou. Ramón não abriu mão da vida, ele abriu mão de sua existência.

Mar adentro não quer passar a mensagem de que todos que ficam tetraplégicos perdem a vida, de jeito nenhum, não é isso mesmo. O significado do que é vida para as pessoas é relativo, há aqueles que são felizes, muito felizes, e Ramón era aquele que não era. Mar adentro conta a historia de um tetraplégico em especial. Ele queria uma morte digna. Ele não queria morrer como um criminoso. Ele defendia sua dignidade e sua liberdade de consciência, porque ele as considerava princípios de justiça universal.

Por fim, sem mais delongas, espero que vocês gostem de Ramón Sampedro e que deliciem com sua sagacidade e inteligência. *__*